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Bruno Feigelson

As novas gerações na advocacia

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27 de julho de 2021

Bruno Feigelson é doutorando e mestre em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e sócio do Lima ≡ Feigelson Advogados. Também foi Presidente e atualmente é parte do Conselho da Associação Brasileira de LawTechs e LegalTechs (AB2L), entidade que contribui para a inovação no Direito brasileiro.

 

Agência Javali – O choque geracional entre as gerações Z e Y tem sido muito discutido neste último ano. Como você tem acompanhado, no meio jurídico, as relações entre profissionais dessas gerações?

Bruno Feigelson: O mercado jurídico, como sempre falo, é um dos últimos mercados na cadeia tecnológica. É interessante ver essa questão do choque geracional, porque na advocacia sempre se valorizou muito a experiência, o cabelo branco, e certamente isso vem se alterando de forma bastante expressiva nos últimos anos, muito em decorrência desses movimentos de advocacia 4.0, que costumam ser capitaneados pela geração Y. É interessante que a geração Z realmente já nasce nesse contexto.

Acho que como a geração Z está chegando agora no mercado jurídico, são pessoas recém-formadas, essa fricção ainda não é tão aparente, mas a gente já percebe isso em termos das contratações, com quem a gente acaba se relacionando.

Agência Javali – Há realmente grandes diferenças entre as gerações no dia a dia de um escritório? Quais são os principais desafios para as bancas?

 Bruno Feigelson: Acho que talvez a geração Y possa ter uma capacidade maior de compatibilizar a geração Z, mais do que a geração X teve em relação à Y. Embora você tenha particularidades e a geração Y esteja ficando mais velha, as organizações já estão mais horizontalizadas, com menos hierarquização, e há menos ambientes tóxicos. Então, a gente vê com bons olhos a chegada da geração Z, são pessoas com uma velocidade ainda maior do que a geração Y. Há desafios que já existiam na geração Y, relacionados à ansiedade, que terão que ser ponderados. São gerações que buscam resultados mais rápidos e que vão precisar de tempo para maturarem seus horizontes.

Agência Javali – Na sua experiência, como especialista na área de Direito e tecnologia, de que forma os advogados das novas gerações lidam com as tendências deste mercado?

Bruno Feigelson: Principalmente em relação ao home office e do afastamento social, nosso escritório virou 100% digital. A gente optou desde o início por assumir essa perspectiva de trabalhar de maneira online. As novas gerações são muito mais adaptáveis a isso. A geração Z tem uma capacidade, um maior uso da tecnologia, e também lidam melhor com o aspecto da horizontalidade e diversidade dentro da organização. Acho que a geração Y abriu muito caminho para isso, mas a geração Z já chega com isso naturalizado.

Agência Javali – Como um profissional da Geração Y, você já sente diferença na forma como a Geração Z pensa ou age profissionalmente?

Bruno Feigelson: Quando a gente começou a Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L), por volta de 2017, a gente tinha que fazer com que as pessoas comprassem essa ideia de advocacia mais moderna e oxigenada. Hoje, a gente tem uma geração que já passou sobre esse movimento, que é justamente a geração Z.

São pessoas que entraram na faculdade, ouviram sobre tecnologia e se formaram nesse e-mail. Poderíamos dizer que eles são os nativos de LawTech, da mesma forma que a gente fala sobre nativos digitais. A gente tem uma geração que se formou, entrou e se aprofundou no mercado jurídico já 100% digital, o que é muito interessante.

Agência Javali – O que você apontaria como as principais diferenças entre a sua geração comparada com a experiência profissional de advogados de gerações mais velhas? É possível inovar na área e acolher todas essas diferentes gerações ao mesmo tempo?

Bruno Feigelson: Nosso escritório nasceu comigo e o Marcello Lima. Temos uma diferença de idade de mais de 20 anos. Então, a gente sempre teve essa capacidade de compatibilizar, sempre com muito respeito. O grande ponto aqui é que não há um valor de uma geração frente à outra, mas que elas são extremamente complementares.

Isso parece simples, mas é um desafio grande compreender no dia a dia que há aspectos diferentes de formação, mas que se todos trabalharem em prol do mesmo propósito e estiverem alinhados estrategicamente, certamente as pessoas serão complementares.

Então, acho que a geração Baby Boomer e a geração X trazem uma segurança, já passaram por mais experiências, têm a capacidade de analisar questões com mais frieza, com mais tranquilidade. Acho que as gerações Y e Z, por sua vez, são mais aceleradas, e a Z mais ainda. Quando você consegue alinhar o melhor de todo mundo com muito respeito, tornando a organização o mais horizontal possível, você consegue ter um bom resultado.

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