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Clubhouse na advocacia: oportunidades para o mercado jurídico

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23 de fevereiro de 2021

Apesar de ter sido lançado em 2020, foi somente neste ano, a partir de uma conversa inesperada entre os executivos Elon Musk, CEO da Tesla e SpaceX, e Vlad Tenev, presidente-executivo do aplicativo de investimentos Robinhood, que o Clubhouse ganhou popularidade e atraiu olhares do mundo todo.

Criada por Rohan Seth (ex-Google) e Paul Davidson (ex-Pinterest), a nova rede social tem despertado curiosidade e interesse pela singularidade do projeto. Para se ter ideia, somente no Brasil, o número de buscas sobre o Clubhouse realizadas no Google cresceu 525% entre 30 de janeiro e 6 de fevereiro de 2021.

A proposta do aplicativo é ser uma plataforma alternativa com inteirações feitas exclusivamente por áudios. Sem textos, sem imagens e sem vídeos, o Clubhouse apresenta um modelo inovador e traz grandes diferenciais em relação às demais redes sociais.

Como o Clubhouse funciona

A nova rede social, ainda em fase de testes, tem como uma de suas principais características a exclusividade. Além de estar disponível atualmente somente para o sistema iOS (aparelhos da Apple), para ter uma conta no aplicativo é preciso receber um convite de um contato que já faz parte da rede.

Limitado a dois convites por pessoa inicialmente, esse número pode aumentar dependendo do uso; quanto mais o usuário utilizar o aplicativo, mais convites ele receberá. Caso não seja convidado, existe, ainda, a possibilidade de baixar o aplicativo, preencher as informações para a criação da conta e aguardar em uma lista de espera.

Após conseguir se juntar à comunidade do Clubhouse, o usuário criará seu perfil, encontrará pessoas que deseja seguir e indicará temas de seu interesse. É possível encontrar discussões sobre tecnologia, finanças, negócios, marketing, arte, entretenimento e áreas do conhecimento como filosofia, psicologia e História, por exemplo.

No feed, no lugar de fotografias e textos o que se vê é uma série de salas de bate-papo na qual a comunicação é toda feita em áudio ao vivo. Vale destacar que as conversas não são armazenadas ou gravadas pelo aplicativo. Por isso, para participar das discussões é preciso acompanhar em tempo real.

Em relação à interação, é possível entrar em salas criadas por outros membros, abrir uma conversa com contatos que foram adicionados à lista de seguidores ou criar a sua própria sala. A participação na rede pode ocorrer de diferentes formas, de acordo com o papel escolhido:

  • Moderador: é o responsável pela criação da sala, pode adicionar, silenciar ou remover outras pessoas da conversa, além de selecionar os apresentadores/palestrantes e de ter microfone liberado para dar o tom da conversa;
  • Apresentador/Palestrante: são as pessoas que, previamente, têm a chance de participar ativamente da discussão com o microfone ligado. Para isso basta apenas solicitar a fala ao moderador;
  • Ouvinte: o usuário sempre terá o papel de ouvinte ao entrar em uma sala onde a conversa já está acontecendo. O microfone ficará mutado, mas o recurso de levantar a mão (por meio de botão) também está disponível e, caso o moderador aprove, o usuário poderá falar.

Sobre a de criação de salas, existem três opções:

  • Salas abertas: permitem a entrada de qualquer pessoa, são salas visíveis para todos os usuários da rede social;
  • Salas sociais: apenas as pessoas que o usuário segue poderão visualizar a sala e participar da conversa. É necessário ter a permissão do moderador para conseguir entrar;
  • Salas fechadas: esse é um modelo privativo, no qual somente as pessoas que o usuário selecionar poderão participar, portanto também necessita de permissão do moderador

Outro recurso possibilitado pela plataforma é a criação de eventos, com indicação de data, horário e descrição do que será debatido. O limite máximo de membros para o bate-papo é de até cinco mil participantes e as salas não ficam mais visíveis no aplicativo após os chats ao vivo terminarem.

Clubhouse para advogados

As redes sociais são responsáveis por ocupar boa parte do dia dos usuários de internet. No mundo, de acordo com o estudo Digital 2020 Reports, cerca de 4,5 bilhões de pessoas estão conectadas – o equivalente a quase 60% da população mundial. Os usuários de mídia social já ultrapassaram a marca de 3,8 bilhões e praticamente metade do tempo online é destinado a aplicativos de comunicação.

Advogados e escritórios de advocacia têm marcado cada vez mais presença nas mídias sociais e investido em ações de marketing jurídico. Nesse sentido, a utilização do Clubhouse por meio da participação de profissionais do Direito pode se tornar um diferencial para o fortalecimento da marca pessoal no ambiente digital.

Por meio do aplicativo é possível criar interações que vão desde o desenvolvimento de networking até alcançar potenciais clientes por meio do conteúdo produzido de maneira estratégica. Isso porque o Clubhouse possibilita que os usuários estejam em contato com grandes executivos nacionais e internacionais. Esse efeito da “horizontalidade” tem sido um dos principais atrativos da plataforma.

Com isso, a partir dos diferentes recursos da rede social, é possível aos advogados:

  • Compartilhar aprendizados de carreira e debater temas afins com os pares;
  • Ter acesso a importantes nomes do mercado;
  • Se aproximar de prospects e fortalecer o relacionamento com clientes;
  • Levar conteúdos exclusivos ao seu público-alvo;
  • Fomentar debates qualificados a partir de sua expertise;
  • Fortalecer sua reputação;
  • Participar como ouvinte de discussões relevantes para a sua atuação e aprender com a experiência de outros usuários.

Dessa forma, entre os principais benefícios para a participação desses profissionais na rede social está a realização de:

É importante destacar, contudo, que é preciso ter cuidado ao se posicionar dentro do aplicativo, tendo em vista o impacto que uma fala pública pode gerar em termos de reputação para o profissional e até mesmo para o escritório. Além disso, é essencial se atentar às premissas do Código de Ética e Disciplina da OAB para evitar qualquer comportamento que caracterize a captação de clientes. Para isso, basta investir na produção de conteúdo de forma informativa.

O Clubhouse em números

Diante do cenário de crescimento expoente da nova rede social, o Clubhouse vem conquistando grandes nomes e atraindo relevantes executivos de todo o mercado mundial – oportunidade excelente para que advogados possam aumentar sua exposição e se aproximar de pessoas que contribuirão tanto para o fortalecimento da marca pessoal como para uma maior geração de negócios.

A opinião de quem já está usando

Marcelo Crespo, sócio da área Direito Digital, Proteção de Dados, Privacidade, Compliance, Crimes Digitais e Inovação do Pires & Gonçalves Advogados Associados, relata como tem sido a sua experiência com o Clubhouse. “Entrei no Clubhouse há pouco tempo e estou gostando da proposta do aplicativo. É um ambiente que ainda está em formação, então tem gente estudando modelos e propostas, mas eu mesmo já criei salas e participei de várias outras. O desafio é saber fazer a moderação e deixar claro se a sala é para apresentações ou para participações de outras pessoas. Acredito que esse é o desafio mais evidente”, afirma.

Além do impacto aos negócios, Crespo também destaca os diferentes tipos de interação possibilitados pela plataforma e ressalta a troca de experiências e as diversas maneiras de colaborar com os usuários. “Criei uma sala pra fornecer mentoria gratuita para quem está iniciando na carreira e está indo muito bem. Então acredito que haja bastante espaço para gerar negócios dos mais variados”, conclui.

 

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